terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

POEMA DE UM DIA MUITO RUIM

Morte, querida, vem e me liberta
Dessa dor cruciante de sempre
Morte,dessas horas amiga, vem e me cura essas feridas
Livra-me da dor que nunca cicatriza
Com um beijo leva-me pra longe
Da ferida que não se dissipa
Pra longe, para além dos montes

Vem, e me mata primeiro a esperança
Que me prende a enleios quiméricos
Que me faz estremecer de ânsia
Que alimenta essa dor que já é deveras tamanha
Concede-me Ades o repouso no Elísio

Mas, doce donzela, venha abrupta e ligeira
Rapta-me assim com a rapidez de uma gazela
Ou como presto o leão a gazela mata
Rapta-me Ades como raptastes tua amada Persefane
Não quero mais sonhos, não quero mais angústias
Já é taõ tarde, que pode dar-me ainda a vida?
Se essa tristeza eterna não se cura?

Leva-me e rápido! Não me traga tu também mais sofrimentos
Nem quero eu proferir mais lamentos
Deixa-me afundar no silêncio do esquecimento, bela dama
E um derradeiro favor apenas lhe peço
Pra essa vida que não me permitiu sequer uma vitória
Pra essa vidinha maldita de desdita
Te rogo, por mim, se possível: cuspa-a na cara!

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